quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O meu poema preferido de Alberto Caeiro!


O meu olhar é nítido como um girassol,
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e a esquerda
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei Ter o pasmo essencial que tem uma criança
Se ao nascer, reparasse que nasceras deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...


Creio no mundo como um malmequer
Porque o vejo, mas não penso nele
Porque pensar é não compreender
O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.


Eu não tenho filosofia, tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama.
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência
E a única inocência é não pensar.


Alberto Caeiro

1 comentário:

  1. Desde que tive de decorar "Eu não tenho filosofia, tenho sentidos...
    Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
    Mas porque a amo, amo-a por isso,
    Porque quem ama nunca sabe o que ama.
    Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

    Amar é a eterna inocência
    E a única inocência é não pensar." para a aula de português, fiquei a adorar Alberto Caeiro e esse poema.

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