A um ti que eu inventei
Pensar em ti é coisa de delicada
É um diluir de tinta espessa e farta
E o passá-la em finíssima aguada
Com um pincel de marta.
Um pesar grãos de nada em mínima balança,
Um armar de arames cauteloso e atento,
Um proteger a chama contra o vento,
Pentear cabelinhos de criança.
Um desembaraçar de linhas de costura,
Um correr sobre lã que ninguém saiba e oiça,
Um planar de gaivota como um lábio a sorrir.
Penso em ti com tamanha ternura
Como se fosses vidro ou película de loiça
Que apenas com o pensar te pudesses partir.
Pensar em ti é coisa de delicada
É um diluir de tinta espessa e farta
E o passá-la em finíssima aguada
Com um pincel de marta.
Um pesar grãos de nada em mínima balança,
Um armar de arames cauteloso e atento,
Um proteger a chama contra o vento,
Pentear cabelinhos de criança.
Um desembaraçar de linhas de costura,
Um correr sobre lã que ninguém saiba e oiça,
Um planar de gaivota como um lábio a sorrir.
Penso em ti com tamanha ternura
Como se fosses vidro ou película de loiça
Que apenas com o pensar te pudesses partir.
António Gedeão, "Máquina de Fogo"
António Gedeão, para além de ser um grande homem, é o meu poeta preferido. Gosto da sua escrita, dos seus poemas e, principalmente, a sua forma de ver a vida. É um homem de ciência mas que possui a capacidade de encontrar as palavras certas para se exprimir, transformando as suas ideias em palavras mágicas que nos tocam o coração.